SALMO 45. UM CÂNTICO DE MATRIMÔNIO REAL
Este cântico de matrimônio real quase certamente foi causado pela cerimônia do casamento de um rei hebreu com alguma princesa estrangeira. A identidade desse rei é incerta, pois suas atividades guerreiras (3,5) dificilmente se coadunam com Salomão (cfr. #1Rs 3.1), e seu caráter devoto (6-7) não está de conformidade com o caráter de Acabe-pelo menos depois de seu casamento com Jezabel (#1Rs 16.31).
Este cântico foi incluído no saltério porque ilustrava uma idéia que é freqüentemente empregada nas Escrituras, a saber, que a relação do matrimônio humano é um eco, ou pelo menos uma alegoria, da relação de aliança entre Deus e Seu povo. A mesma idéia básica é transportada para o Novo Testamento onde a Igreja é descrita como a Noiva de Cristo (ver #2Co 11.2; e cfr. #Mt 22.2 e segs.; #Mt 25.1 e segs.; #Ap 19.6-9).
a) Introdução (1)
O cântico é corretamente intitulado de Cântico de Amor, isto é, de coisas amáveis. À parte dessa breve introdução do primeiro versículo, há duas seções relacionadas ao noivo e à noiva, respectivamente. No versículo de abertura o autor descreve seu irreprimível desejo de falar de algo particularmente bom e agradável, seus sentimentos de apreciativo deleite a favor do rei, que estão literalmente “transbordando”, e ele espera que a eloqüência de sua pena esteja à altura de tão glorioso tema.
>Sl-45.2
b) Louvor ao real noivo (2-9)
O rei é tio superior em formosura e graciosidade de linguagem a todos os outros homens que é óbvio que Deus o favorecera especialmente e que continuaria a proporcionar a seus descendentes, igualmente, Sua bênção divina. Ele é chamado de “herói” (3). É-lhe recomendado que cinja a espada, e cinja também sua glória e majestade (cfr. #Ap 19.14-16) e que cavalgue vitoriosamente “pela causa da verdade” (4; cfr. #Is 11.4). Em tais ocasiões a sua bravura demonstrará grandes e terríveis coisas (cfr. #Sl 145.5-6). Suas flechas são tão agudas que seu ferimento é fatal (cfr. #Sl 18.14; #Hb 4.12); Ele é capaz de cavalgar por cima dos caídos e enviar suas setas contra os corações de seus principais inimigos (5).
>Sl-45.6
O teu trono, é Deus (6). Melhor tradução, seria: “Teu trono é o trono de Deus”. Eis porque sua dinastia haveria de permanecer para sempre (cfr. #2Sm 7.12-16). O sinal e emblema de sua soberania é justiça e equidade, pois ele abomina a iniqüidade. E por causa desse zelo efetivo pela justiça que Deus lhe concedeu uma alegria mais plena que qualquer outro homem pode conhecer (cfr. #Jo 3.29; #Hb 12.2; #1Pe 1.8). A citação dos vers. 6 e 7, em #Hb 1.8-9 é uma instância especifica de interpretação neotestamentária sobre o Antigo Testamento, mediante o caráter e a obra de Cristo.
O noivo é vestido de vestimentas perfumadas, e os salões de seu palácio, decorados com muito gosto com baixos-relevos em marfim, estão tomados de suave música. Entre suas damas de honra há filhas de reis-evidência de seu prestigio entre os estados vizinhos -e imediatamente ao lado dele, adornada com ouro fino, acha-se sua rainha. Isso introduz a seção próxima do poema. Mirra, alóes, (8); cfr. #Ct 4.14. Cássia, (esta palavra hebraica só aqui é encontrada) talvez seja uma espécie de cinamomo.
>Sl-45.10
c) Louvor à noiva (10-17)
A mudança de assunto é subentendida por um apelo à jovem noiva, cuja atenção provavelmente era parcialmente desviada pela novidade de seu ambiente. Ela é exortada a aceitar tudo quando vê como parte de sua nova vida, e também a banir quaisquer lamentos pelas cenas e amigos de sua passada vida de criança. Mas ela deve identificar seus interesses àqueles de seu marido, que também é o seu rei; ele recompensará sua lealdade e cooperação com afeição. Inclina-te perante ele (11); Isto é, submete-te a ele, adora-o. Depois de descrever o ambiente como se a dar conselhos e segurança à princesa, o poema fala sobre sua espera no interior do palácio, resplandecentemente ataviada em suas vestes nupciais, de onde será levada ao rei “em roupagens bordadas” (14), acompanhada por suas damas virgens e por alegre música.
As palavras restantes, sobre o futuro, são dirigidas ao rei, conforme fica subentendido no vers. 17: O teu nome eu o farei… O salmista fará isto mediante seu poema. … de geração a geração. Cfr. vers. 2,6; #2Sm 7.13,16,25,29.
Fonte: O Novo Comentário da Bíblia Organizado por F. Davidson, MA, DD, Editora: Vida Nova