Por Gutierres Fernandes Siqueira
“O que buscamos quando buscamos a Deus?” [Agostinho de Hipona]
Orações, preces, sacrifícios, adoração, lamentações… Não há nada que possamos fazer para deixar Deus impressionado. Não há nada que “mova o braço de Deus”. Deus não é um ídolo-pagão alimentado por sacrifícios e agrados. Deus de nada necessita, absolutamente nada. É necessário repetir: a nossa bênção não depende daquilo que fazemos, mas sim da misericórdia e bondade do Senhor.
Mas a Bíblia não está cheia de advertências do tipo “faça isso e terás aquilo”? É verdade, mas aí não está toda a verdade. Em uma leitura apressada e superficial das Escrituras temos a impressão que a relação com Deus é uma espécie de “causa e efeito”. O Livro de Jó, talvez o manuscrito mais velho do Antigo Testamento, já mostra que a relação com Deus não é mercantil, ou seja, não é simples “toma lá, dá cá”.
Jó era justo. Quem assim testemunhou foi o próprio Deus, mas ainda assim Jó sofreu as maiores dores e privações que um homem pode suportar. Não é à toa que os promotores do “Evangelho da Prosperidade” tentam a todo custo desqualificar a Jó. À semelhança dos amigos de Jó, os pregadores da prosperidade não compreendem como alguém justo pode sofrer tanto! Eles pensam: “Deve ter algum pecado escondido”! Ao pensar assim desprezar a realidade que o justo (aliás, o justificado) pode sofrer! Ora, pelos menos os amigos de Jó não conheceram a história de Cristo, mas os pregadores da prosperidade desprezam a sacrifício do Senhor.
Asafe lamentou a prosperidade dos ímpios (cf. Salmo 73) e outros tantos servos de Deus sofreram barbaridades, mesmo sendo homens “dos quais o mundo não era digno” (Hebreus 11.38). Como alguém que diz ler as Sagradas Escrituras pode se escandalizar com a frase verdadeira de Larry Crabb, que disse: “Nossa maldade não é um empecilho para a bênção, assim como nossa bondade não é condição para sermos abençoados”.
Não se deve orar, adorar, louvar ou lamentar em busca de uma recompensa, mas sim movidos pelo amor ao Senhor. Quão vã é a atitude daqueles que confundem o Deus Todo-Poderoso com um ídolo-pagão “comprado” com uma prece automatizada. Quem confunde Deus com um ídolo nada entendeu sobre a graça divina.
A pergunta de Agostinho, que abre este texto, nos leva a uma profunda reflexão. O que buscamos quando buscamos a Deus? Autossatisfação, bênçãos e mais bênçãos, uma vaga no céu, segurança e prosperidade material? Quão pobre isso é! Ou estamos buscando a Ele porque o amamos e queremos desfrutar de sua companhia? Quão excelente isso é! Que o Senhor nos dê graça!
A Bíblia chama Deus de pai, amigo, noivo e senhor, mas nunca chama de comerciante. Infelizmente, Deus é pregado como um trocador de mercadorias e não como aquilo que Ele é: Pai, Amigo, Noivo e Senhor.
[Texto escrito para apoio da próxima aula na Escola Dominical onde estudaremos a lição 8: “O Perigo de Querer Barganhar com Deus”]
Fonte: http://www.teologiapentecostal.com/2012/02/nao-ha-nada-que-possamos-fazer-para.html